Crise humanitária envolvendo os Yanomamis mobiliza campos políticos nas mídias digitais em debate sobre causas e responsabilidades

Por: FGV ECMI 

 

Por: FGV ECMI 

 

  • Na discussão sobre a crise humanitária envolvendo os povos Yanomami, ações praticadas ao longo do governo Bolsonaro são tidas como os principais vetores da crise que aflige os indígenas;
  • Perfis alinhados à extrema-direita defendem que líderes da esquerda são responsáveis pela crise, uma vez que os Yanomamis em situação de vulnerabilidade estariam em território venezuelano;
  • Enquanto a mídia de esquerda se aproxima da imprensa mais tradicional no debate sobre os indígenas, veículos de direita apresentam um isolamento considerável no Facebook.



Com quase 80% das interações no Twitter, o campo progressista pautou o debate sobre a crise humanitária em território Yanomami, responsabilizando, principalmente, o ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-ministra de Direitos Humanos Damares Alves pela situação. É o que mostra levantamento da Escola de Comunicação da FGV, que analisou postagens sobre o tema no Twitter, Facebook e Telegram entre 20 de janeiro e 02 de fevereiro de 2023.

O presidente venezuelano Nicolás Maduro foi evocado por apoiadores de Bolsonaro, que atribuem ao país a crise humanitária Yanomami e afirmam que o governo Lula tem se utilizado o caso de modo oportunista. Ainda assim, a esquerda assume protagonismo no debate sobre os indígenas no Twitter e no Facebook, destacando a responsabilidade do ex-presidente no caso e isolando grupos de extrema-direita. Estes, por sua vez, encontram ressonância no Telegram e no debate internacional.

 



Twitter

 



Mapa interações do debate sobre a crise humanitária em território Yanomami no Twitter

Período: de 20 de janeiro a 02 de fevereiro

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Fonte: Twitter | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV



Esquerda (Vermelho) - 56,8% perfis | 73,2% interações

Protagonista do debate nacional sobre a crise humanitária do povo Yanomami, a esquerda aglutinou perfis diversos, desde influenciadores, como @lazarorosa25, até figuras políticas, como @LulaOficial e @andrejanonesadv. Iniciando suas mobilizações online já no dia 21 e compartilhando comentários indignados com a situação dos Yanomami, o grupo defendeu a noção de que a supracitada crise é resultado de 4 anos de uma política de descaso com os indígenas. Para embasar esta crítica, foram recuperados pedidos de ajuda dos Yanomami que datam pelo menos de 2019, além de supostas evidências de que a ex-ministra e atual senadora Damares Alves teria negado o envio de leitos de UTI e água potável a este povo. Interessante ressaltar que Damares, depois de Jair Bolsonaro, é a figura política mais citada pela esquerda. Afirma-se que Damares foi incoerente, principalmente, ao ignorar um relatório que apontava a ocorrência de violência sexual contra crianças e adolescentes Yanomami em troca de comida por parte de garimpeiros da região. Lateralmente, pode ser mapeada uma mobilização em torno de um abaixo assinado para que Damares não assuma o cargo de senadora.                                                                                                                                                                                             

Direita (Azul) - 27,6% perfis | 20,8% interações

Se Damares Alves foi um dos alvos majoritários do cluster da esquerda (vermelho), também foi uma das principais articuladoras da base de direita, composta ainda por @jairbolsonaro, @terrabrasilnot, entre outros perfis e páginas alinhados ao governo anterior. O cluster atuou de modo bastante defensivo, reagindo às críticas do campo progressista, principalmente, a partir do dia 22. Dessa forma, negar a responsabilidade do governo Bolsonaro frente a crise humanitária em território Yanomami se tornou quase um mantra do grupo, que mirou em diversas frentes para embasar esta perspectiva, seja afirmando que um relatório da Funai desmentiu a “narrativa de abandono dos Yanomami”, seja alimentando a noção de que existe uma “máfia das ONGs” interessada em tal situação. A base também se empenhou para compartilhar notícias e denúncias que explicitam que a crise dos Yanomami teve origem no governo Lula. 



Perfis progressistas (Laranja) - 11,5% perfis | 4,9% interações

Articulados ao cluster da esquerda, o grupo inserido na discussão sobre os Yanomami é formado por perfis e páginas progressistas e que não necessariamente têm o propósito de se voltar para o debate político, como @choquei e @siteptbr. Tratando, geralmente, de assuntos variados, estes usuários têm um grande potencial de dialogar com pessoas diversas e ainda não alinhadas a um espectro político-ideológico específico. Dessa forma, o grupo compartilhou diferentes desdobramentos da crise humanitária dos Yanomami, indicando que Bolsonaro e Damares negaram vários pedidos de ajuda deste povo. Nota-se ainda que a desnutrição e a violência sexual contra crianças Yanomami é um tópico que obtém centralidade entre esta base, disseminando postagens bastante emocionais e baseadas na indignação. 

 



Mapa interações do debate internacional sobre a crise humanitária em território Yanomami no Twitter

Período: de 20 de janeiro a 02 de fevereiro

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Fonte: Twitter | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV



Oposição a Nicolás Maduro (Azul) - 9,3% perfis | 10,4% interações

O maior destaque do debate internacional sobre a crise dos indígenas, em termos de números de perfis e interações, é o grupo que se reúne em torno de uma forte oposição ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Liderado pelo político venezuelano Pablo Medina, que possui um largo histórico de tentativas para derrubar o governo Maduro, o grupo defende narrativas similares àquelas compartilhadas pela extrema-direita brasileira. Afirma-se que a crise dos Yanomami seria fruto de uma política comunista fracassada e que o Brasil seria apenas um refúgio para estes indígenas. Desse modo, prevalece a noção de que o governo brasileiro não tem nenhuma responsabilidade sobre a crise humanitária em território Yanomami.                                                                                                                                                                                    

Oposição a Bolsonaro (Vermelho) - 8,1% perfis | 9,3% interações

Formado por perfis que associam, através de postagens em inglês, o ex-presidente Bolsonaro à crise humanitária dos Yanomamis. Os perfis, em sua marioria de ativistas relacionados a causa indígena nas Filipinas, Austrália, Estados Unidos e Canada, chamam a situação de genocídio e etnocídio e também comentam a situação da população indígena desses países mencionados.

Perfis progressistas norte-americanos (Laranja) - 7% perfis | 7,2% interações

Em diálogo com o cluster de oposição a Bolsonaro, o grupo é formado por perfis e páginas que, concentrados na América do Norte, partem de uma perspectiva progressista para abordar o caso Yanomami. Chamando o ex-presidente de “Trump brasileiro”, o cluster responsabilizou Bolsonaro pela crise, focando, principalmente, na situação das crianças Yanomami. Entre os perfis que mobilizam esta base, destaca-se o advogado e atuante na pauta dos direitos humanos, @SDonziger.

Perfis progressistas latino-americanos (Rosa) - 5,2% perfis | 5,3% interações

Conjunto formado por perfis latino-americanos que denunciam a situação dos Yanomamis, divulgando que ela está sendo associada ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Há também forte presença de críticas ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que também é responsabilizado pela crise humanitária pois estaria, segundo os perfis, explorando ouro em terras indígenas. Se destacam os perfis @AnonymousVene10 e @MexicoPost.

Imprensa progressista latino-americana (Amarelo) - 5% perfis | 5,4% interações

Grupo composto por perfis de jornalistas e veículos de imprensa progressistas especializados em coberturas latinoamericanas. @BrianMtelesSUR e @BenjaminNorton tiveram destaque. O papel do garimpo ilegal na tragédia dos Yanomami obteve ampla ressonância, especialmente a “institucionalização” da prática no governo Bolsonaro. O tema central foi a morte de crianças indígenas em decorrência de políticas engatadas pelo ex-presidente. Críticas aos ex-ministros Damares Alves e Sérgio Moro também foram recorrentes. Retuítes dos perfis de @LulaOficial e do jornal inglês @TheGuardian tiveram centralidade.

Ambientalistas (Amarelo escuro) - 4,9% perfis | 5,8% interações

O grupo orbita em torno de perfis de organizações e veículos voltados para as pautas ambientais e de direitos humanos, ao exemplo do @Survival e @AmazonWatch. Denúncias contra Bolsonaro a respeito dos Yanomamis e a divulgação de canais de ajuda em caráter de urgência obtiveram maior alcance. Publicações em inglês e/ou em espanhol de personalidades ativistas como a atriz @BragaSonia e a jornalista @BrumElianeBrum sobre o caso tiveram alto impacto no debate. 

Brasileiros progressistas (Vinho) - 4,3% perfis | 4,5% interações

Conjunto formado por perfis brasileiros que denunciam a crise humanitária dos Yanomamis em inglês, como @DrBrunoGino e @UrbanNathalia. Marcando autoridades internacionais, o grupo dá destaque à responsabilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro, por ignorar pedidos de ajuda humanitária. O grupo também dirige atenção às questões de saúde e desnutrição enfrentadas pela população indígena e se refere ao caso como “genocídio”, em consonância com a narrativa de grupos progressistas do Brasil.

 



Principais termos sobre a crise humanitária em território Yanomami no Twitter

Período: de 20 de janeiro a 02 de fevereiro

nuvem de palavras                 

 

Fonte: Twitter | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV

 

  • O campo progressista dominou o debate sobre a crise humanitária do povo Yanomami. Mensagens em tom de denúncia de atores políticos de relevo e anúncios de ações do Governo Federal para mitigar a crise estiveram em destaque, assim como a ampla responsabilização do ex-presidente Jair Bolsonaro e de ex-membros do primeiro escalão do governo anterior;
  • Embora em menor escala, o campo conservador alinhado a Bolsonaro também teve destaque na discussão sobre a crise humanitária. Esteve em destaque a retratação de Damares Alves, que investiu na narrativa de que o problema se estenderia desde os governos anteriores de Lula e que a situação teria se agravado em decorrência do isolamento das comunidades;
  • Teve ampla circulação a informação de que 570 crianças indígenas morreram por desnutrição e doenças derivadas do garimpo ilegal ao longo dos quatro anos do governo de Bolsonaro. Supostos desvios de verbas para uma ONG evangélica que seria aliada de garimpeiros receberam atenção especial, além do veto a alimentos básicos, leitos de UTI, medicamentos e água potável para os Yanomami;
  • Em contrapartida, perfis da extrema-direita acusaram uma ONG comandada por indígenas, e que teria relação direta com o Partido dos Trabalhadores, de ter desviado verbas que seriam destinadas para os Yanomami. Em uma tentativa recorrente de desresponsabilizar o governo Bolsonaro pela situação, reitera-se ainda que os Yanomami em estado de vulnerabilidade extrema seriam venezuelanos e, portanto, “vítimas” de uma “ditadura de esquerda”.

 

Facebook

 



Mapa de links do debate sobre a crise humanitária em território Yanomami no Facebook

Período: de 20 de janeiro a 02 de fevereiro

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Fonte: Facebook | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV

 

Mídia de esquerda (Vermelho) - 12,5% perfis

Formado por links de veículos de comunicação alinhados à esquerda, o grupo repercute conteúdos que responsabilizam o ex-presidente Bolsonaro e a ex-ministra Damares Alves pela crise humanitária envolvendo os Yanomami. Denúncias da associação indevida entre militares e garimpeiros, relatos de estupros de meninas indígenas por garimpeiros e episódios em que Bolsonaro teria ignorado alertas sobre a crise estiveram em evidência. Destacaram-se links de sites como Revista Fórum, Diário do Centro do Mundo e Jornal GGN. 

Mídia de direita (Azul) - 10,6% perfis

O grupo reúne links de veículos alinhados a Bolsonaro e que tentam desresponsabilizá-lo pela crise dos Yanomami. Sites voltados para o público evangélico e/ou de temática política sob um viés extremista saíram na frente, ao exemplo do Pleno News, Poder DF, Jornal da Cidade Online, Revista Oeste e Terra Brasil Notícias. O argumento central é de que os Yanomami vulnerabilizados seriam venezuelanos e estariam nessas condições por conta de Nicolás Maduro e Lula, além de outras supostas denúncias contra os políticos de esquerda.

Mídia tradicional (Laranja) - 9,4% perfis

Conjunto de links de portais de mídias tradicionais, como G1, O Globo, Folha de São Paulo e UOL Notícias. Ações do Governo Federal para mitigar a crise foram destaque, além da investigação da denúncia de que uma ONG evangélica teria desviado R$ 842 milhões de recursos voltados para os Yanomami no governo Bolsonaro. Notícias sobre os vetos de Damares a leitos de UTI e água potável para aldeias também tiveram alto alcance. 

Mídia progressista independente (Amarelo) - 6,7% perfis

Links oriundos de veículos progressistas independentes compõem o grupo inserido no debate sobre os Yanomamis, sendo parte importante deles voltadas para a temática ambiental. Nessa lista, tiveram maior relevância os sites Samaúma, Tijolaço, Urbs Magna e De Olho Nos Ruralistas. As notícias tentam dimensionar as perdas decorrentes da tragédia humanitária, classificando-a como um projeto de genocídio étnico estabelecido pelo governo Bolsonaro. Notícias sobre relações indevidas entre garimpeiros, ruralistas e o ex-vice-presidente Hamilton Mourão, desvios de verbas e histórico anti-indígena de Bolsonaro circularam amplamente.

Colunistas de viés progressista (Verde) - 4,1% perfis

Colunistas e veículos de viés progressista, além de alguns sites da mídia tradicional que divulgaram denúncias contra Bolsonaro em relação aos Yanomamis, compõem o grupo. O colunista Carlos Madeiro, do UOL Notícias, se destacou com um texto que denuncia ataques de golpistas à Força Aérea Brasileira por atuarem na ação emergencial em socorro aos Yanomami. Checagem de fake news, exposição do histórico anti-indígena de Bolsonaro e responsabilização do ex-presidente e da ex-ministra Damares Alves pela tragédia humanitária deram o tom das notícias em destaque. Sites como Plantão Brasil, Brasil 247 e Instituto Socioambiental estiveram em evidência, além de alguns veículos da mídia tradicional, como UOL Notícias e Correio Braziliense.

 

Deputados federais com mais postagens sobre a crise humanitária em território Yanomami no Facebook

Período: de 20 de janeiro a 02 de fevereiro

gráfico de dispersão

Fonte: Facebook | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV

 

  • Uma disputa de narrativas sobre os Yanomami marcou as publicações dos deputados federais, com maior presença, em número de atores políticos, da base alinhada ao presidente Lula. Gleisi Hoffmann, José Guimarães e Guilherme Boulos estiveram na dianteira do debate, assim como a ministra dos Povos Originários, eleita deputada federal, Sonia Guajajara. Vídeo em que Bolsonaro critica políticas ambientais, indigenistas e de direitos humanos em geral em prol de empresários rurais foi destaque;
  • Ainda assim, deputados de direita, como Gustavo Gayer, Bia Kicis e Filipe Barros, concentraram as publicações com maior número de interações, o que denota um alto alcance no debate. O teor geral é de que Lula estaria se utilizando da tragédia dos Yanomami a seu favor, tendo ao seu lado ONGs estrangeiras que teriam como objetivo se aproveitar financeiramente do Brasil. As publicações tentam, sobretudo, dissociar Bolsonaro da responsabilização pela crise humanitária.

 

Senadores com mais postagens sobre a crise humanitária em território Yanomami no Facebook

Período: de 20 de janeiro a 02 de fevereiro

gráfico de dispersão

 

Fonte: Facebook | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV

 

  • Humberto Costa foi, com larga vantagem, o senador que mais tratou da crise dos Yanomami, obtendo também o maior número de interações. Aliado à base governista, Costa elogiou o trabalho jornalístico do Fantástico e criticou a ex-ministra Damares Alves por negar leitos de UTI e água potável aos Yanomami;
  • Nota-se que a esquerda se mobilizou mais na discussão sobre a crise indígena, mas, ainda assim, a direita também conseguiu centralidade, principalmente se observamos as postagens isoladamente, pois o post único que obteve maior destaque, em termos de interações, veio do perfil de Flávio Bolsonaro. O senador atuou de modo bastante afinado às ideias do ex-presidente Bolsonaro em outras redes, como Twitter e Telegram, afirmando que o PT estaria tentando associar o político à uma crise que, sob este ponto de vista, teria origem nos primeiros governos de Lula.

 

Telegram



Posts sobre a crise humanitária em território Yanomami no Telegram

Período: de 20 de janeiro a 02 de fevereiro

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Fonte: Telegram | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV

 

  • As narrativas em circulação em grupos de direita do Telegram sobre a situação dos Yanomamis se concentram em responsabilizar uma série de atores pela crise humanitária do povo Yanomami, com ênfase nas ONGs que atuam na Amazônia, na “mídia manipuladora” e no governo Lula. O objetivo é sempre o mesmo: afastar a gestão Bolsonaro de qualquer responsabilidade sobre o fato;
  • Nota-se que, para disseminar estas narrativas sobre os Yanomamis, há uma mobilização multiplataforma de diversos atores políticos da direita. O Telegram opera, nesse sentido, como um espaço no qual links de diferentes plataformas são compartilhados. Desde notícias de veículos alternativos, como Aliados Brasil Oficial, Farol da Bahia e Eco Amazônia, até vídeos de canais do YouTube, como Ancapsu e Mais Conservador;
  • Do TikTok, são compartilhados muitos vídeos de Gustavo Gayer e do próprio Telegram, surgem mensagens do senador Flávio Bolsonaro. Todos operam para pautar o debate público sobre a supracitada crise, de modo a responsabilizar a esquerda pela situação dos Yanomami;
  • Um dos argumentos mais frequentes aponta que uma suposta “máfia das ONGs” junto ao governo Lula estaria trabalhando para manter a situação precária dos Yanomami e, assim, culpar a gestão Bolsonaro e coletar mais recursos financeiros. Para alimentar esta tese, circula a mensagem intitulada “ONG EM RORAIMA BARRA ENTRADA DE OFICIAIS DO EXÉRCITO EM ÁREA YANOMAMI” junto a um vídeo do ex-ministro do governo Dilma, Aldo Rebelo. Afirma-se que o governo Lula estaria tentando se aproveitar desta situação. A narrativa foi tão frequente que motivou pico de mensagens em 22 de janeiro;
  • No mesmo dia, também foi monitorado o avanço de ataques ao médico André Siqueira, que atuou atendendo aos indígenas em estado de desnutrição. Em tom de descoberta, os grupos de direita do Telegram compartilharam a tese de que Siqueira seria um dos médicos responsáveis por um estudo que supostamente administrou altas doses de cloroquina em pacientes com Covid-19, a fim de deslegitimar a utilização do remédio no combate ao vírus; 
  • Outro tópico em evidência é a noção de que a crise humanitária dos Yanomami teria mais relação com a Venezuela do que com o Brasil. Para embasar esta tese, circulam posts do deputado venezuelano Romel Guzamana, que afirma que estes indígenas seriam fruto das políticas do governo de Nicolás Maduro;
  • Este tema, no entanto, parece já ter se esgotado, pelo menos no Telegram. Desde o dia 31, as mensagens sobre o assunto perderam intensidade na plataforma, indicando uma desmobilização dos grupos de direita em torno do tema.