Discurso transfóbico e disputa por protagonismo político marcam menções ao Dia Internacional da Mulher
Por: FGV ECMI
Por: FGV ECMI
- Declaração do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) na Câmara impulsionou mensagens de ódio contra mulheres trans, mas publicações com conteúdo semelhante já vinham circulando de maneira significativa no Twitter durante o dia;
- No Telegram, grupos questionaram os significados do 8 de março e alçaram Michelle Bolsonaro ao posto de “mulher ideal”. Nikolas Ferreira utilizou a plataforma para estimular mobilização transfóbica;
- Ações anunciadas por Lula em prol das mulheres e mensagens com reflexões sobre a condição da mulher na sociedade publicadas por Michelle Bolsonaro tiveram alta repercussão e estiveram no centro da disputa por protagonismo entre ambos os campos políticos;
- Clubes de futebol e jogadores famosos tiveram alto alcance ao homenagear jogadoras e torcedoras, em uma tentativa de mitigar preconceitos e estigmas sobre a relação das mulheres com o esporte.
As discussões em torno do Dia Internacional da Mulher acionaram uma gama diversa de temas e atores políticos ao longo do dia 8 de março, dispondo os significados em torno da data como objeto de disputa entre campos políticos antagônicos. O tópico de engajamento mais notório em relação à data foi a questão das mulheres trans, que foi abordada tanto por um prisma de afirmação e orgulho quanto por um viés de preconceito e intolerância. É o que mostra levantamento da Escola de Comunicação da FGV, que analisou publicações no Twitter, no Facebook e no Telegram.
Embora a declaração do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) na Câmara Federal contra mulheres trans tenha contribuído para “institucionalizar” e impulsionar mensagens transfóbicas, especialmente ao fim do dia, publicações com teor de intolerância já vinham sendo disseminadas no Twitter e no Telegram desde as primeiras horas da manhã. Discursos supostamente científicos para deslegitimar mulheres trans e menções à “ideologia de gênero” foram frequentes. No Twitter, houve uma reação significativa do campo progressista, especialmente por parte de pessoas trans, para rebater os comentários transfóbicos e reivindicar visibilidade e respeito para essa população, com críticas ao deputado federal e endosso ao pedido de cassação de sua candidatura protocolado por Tabata Amaral (PSB-SP).
A data também foi objeto de acirrada disputa política por parte dos campos de apoio e de oposição ao Governo Federal, tendo como atores políticos centrais Lula e Michelle Bolsonaro. Projeto de lei para promoção de equidade salarial e medidas contra a violência de gênero motivaram menções a Lula, enquanto Michelle foi evocada como um “tipo ideal” feminino, dentro do ideário conservador, e uma liderança política que teria competência para concorrer com o petista nas próximas eleições presidenciais. Declarações da primeira-dama Janja da Silva e da ministra Simone Tebet sobre o presidente Lula também contribuíram para que o presidente estivesse no centro da discussão sobre o Dia Internacional da Mulher.
Mapa de interações sobre o dia 8 de março no Twitter
Período: 08 de março de 2023
Fonte: Twitter | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV
Esquerda (Vermelho) - 9,6% de perfis | 14,5% das interações
O grupo é formado por lideranças políticas, veículos de comunicação e perfis de esquerda. Destacou-se a presença do presidente @LulaOficial e das deputadas @ErikaHilton e @SamiaBomfim. O grupo enfatizou o evento realizado no Palácio do Planalto que anunciou novas políticas públicas do Governo Federal para as mulheres e repercutiu a presença da ex-presidente Dilma Rousseff na solenidade, que foi ovacionada pelo público, segundo os perfis. Tiveram centralidade mensagens lembrando a importância da data e destacando o caráter político do 8 de março, com ênfase nos índices alarmantes de violência contra a mulher no país. O discurso do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) na Câmara dos Deputados foi alvo de críticas do grupo, que repercutiu pedidos de representação contra o deputado no Conselho de Ética da Câmara e mensagens de repúdio, apontando misoginia e transfobia na fala do parlamentar.
Direita (Azul) - 6,8% de perfis | 8,4% de interações
O conjunto formado por lideranças políticas e influenciadores de direita, protagonizado por @kimpaim e @MichelleBolso22, deu enfâse a uma diferenciação entre mulheres conservadoras e “feministas”, que não estariam interessadas realmente nos interesses associados ao feminino. Se destacam postagens homenageando mulheres conservadoras e ressaltando a sensibilidade e força das mulheres. Com relação às críticas às feministas, os perfis apontam que essas mulheres na verdade prestam um desserviço e querem sobrepor sua ideologia acima do interesse das mulheres. A homenagem dirigida à primeira-dama Janja da Silva e a iniciativa do Governo Federal de promover uma lei de igualdade salarial também foram criticadas pelo grupo. Menções ofensivas a “mulheres com pênis” estiveram presentes no grupo antes mesmo do discurso do deputado Nikolas Ferreira. Nesse sentido, os perfis criticaram propagandas com a presença de mulheres trans e lamentaram que elas tivessem sido homenageadas nesta data, afirmando que as mulheres cisgêneras estariam “sendo passadas para trás pelos homens”, em referência pejorativa a mulheres trans. O discurso do deputado Nikolas não é mencionado de forma direta, mas é possível observar críticas à deputada Tabata Amaral por ter discursado contra a fala do deputado.
Esporte e Entretenimento (Lilás) - 3,5% de perfis | 3,8% de interações
Formado por perfis de times de futebol e perfis de mulheres, o grupo se divide em parabenizações pelo Dia Internacional da Mulher, no caso dos clubes esportivos, e postagens que se utilizam do humor para criticar empresas que, como forma de valorizar as mulheres, colocaram equipes 100% femininas para trabalhar na data. Outras práticas costumeiras do 8 de março, como o recebimento de flores e chocolates, também geraram comentários jocosos. Nesse termos, pedidos por um “pix”, “mimos” ou “folgas” foram defendidos como forma de reconhecer os desafios femininos no dia a dia;
Evolução do debate sobre o dia 8 de março no Twitter
Período: 08 de março de 2023
Fonte: Twitter | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV
- O debate sobre o Dia Internacional da Mulher foi destaque na plataforma e mobilizou aproximadamente 810 mil tuítes em 24 horas. Felicitações e comentários variados em função da data se destacaram entre os usuários, enquanto o discurso do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) dirigido a mulheres trans aqueceu a pauta política e assumiu o protagonismo no final do dia;
- O episódio envolvendo Nikolas Ferreira passou a protagonizar o debate a partir das 15h, com forte repercussão empreendida pelos campos políticos de apoio e oposição ao Governo Federal. Perfis de diferentes posições políticas, como @choquei, @eixopolitico, @UOLNoticias, @SigaGazetaBR e @o_antagonista, noticiaram o discurso do parlamentar e seus desdobramentos, com destaque para o registro do momento capturado pela TV Câmara e os pedidos de cassação, sobretudo por parte da deputada Tabata Amaral (PSB-SP);
- No campo progressista, a fala do deputado foi fortemente criticada e houve endosso ao coro de responsabilização do parlamentar pelo crime de transfobia, com cobranças diretas ao presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP-AL), cuja condenação ao ocorrido também repercutiu de maneira significativa. A parlamentar Gleisi Hoffman (PT-PR), a jornalista Vera Magalhães e o cantor Filipe Ret se sobressaíram na discussão em decorrência do alto alcance de suas críticas a Nikolas. Já o pedido de cassação protocolado por Tabata Amaral esteve em destaque tanto em perfis voltados para notícias de entretenimento (Choquei) e política (Eixo Político) quanto em páginas institucionais (PSB na Câmara);
- No campo conservador, o discurso de Ferreira foi endossado por apoiadores e motivou ataques ao fato de mulheres transexuais serem mencionadas em homenagens relativas ao 8 de março. Críticas à “ideologia de gênero” foram pautadas por perfis de parlamantares de direita, como Bia Kicis (PL-DF) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP), além do influenciador político Leandro Ruschel. Esses atores políticos se posicionaram como defensores do protagonismo “verdadeiramente” feminino, questionando, assim como o deputado mineiro, a própria legitimidade de pessoas que se identificam como mulheres trans;
- Os campos políticos se dividiram para além do episódio referido. Perfis de direita parabenizam as mulheres identificadas com valores como força e determinação, além de respeito aos valores cristãos. Nesse campo, destacam-se figuras como a professora Heley de Abreu Silva Batista e Michelle Bolsonaro, esta mencionada a partir da sua participação na propaganda do Partido Liberal (PL). No campo progressista, as iniciativas anunciadas pelo presidente Lula em solenidade pelo Dia Internacional da Mulher tiveram repercussão moderada, com destaque para o posicionamento sobre a disparidade salarial entre homens e mulheres. O grupo, no entanto, mencionou avanços nos direitos femininos, criticou retrocessos do governo Bolsonaro na área e resgatou de maneira positiva a figura de Dilma Rousseff.
Principais termos relacionados ao dia 8 de março no Twitter
Período: 08 de março de 2023
Fonte: Twitter | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV
- Comentários que felicitam e parabenizam as mulheres pelo Dia Internacional da Mulher foram centrais no debate sobre o 8 de março. Apesar de uma preponderância de tuítes em tom positivo e bem-humorado, mensagens de teor político estiveram vinculadas a personalidades como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e a ministra Simone Tebet, que também repercutiram a data. Mensagens de apoio às mulheres publicadas por Michelle Bolsonaro e pelo PL, partido de seu marido, tiveram alto alcance na plataforma. Simone Tebet, que foi ironizada pelo veículo O Antagonista, afirmou que Lula seria um “presidente masculino com alma feminina”, em referência às medidas de equidade de gênero assinadas pelo presidente em celebração pelo 8 de março;
- Mobilizando mais debates politizados, figuras da cena nacional, como Gleisi Hoffmann e Lula, além de veículos de comunicação, como a Agência Brasil, aproveitaram o dia para compartilhar dados e informações sobre a realidade das mulheres no Brasil – seja apontando índices alarmantes de violência, seja tratando das medidas anunciadas pelo Governo Federal para promover mais políticas públicas para mulheres brasileiras. A primeira-dama Janja da Silva também foi um nome proeminente nesse sentido, tendo repercutida a sua fala sobre receber mais ameaças na internet do que o presidente. Essas menções se concentraram, principalmente, em hashtags como #8M, #DiaInternacionaldaMulher e #DiadaMulherTrabalhadora;
- Associadas a demandas por maior protagonismo de referências femininas negras, reverências às orixás femininas também tiveram alta repercussão sob as hashtags mencionadas. Além disso, houve um movimento relevante por parte de grandes clubes de futebol, como São Paulo e Corinthians, para homenagear funcionárias e torcedoras. A ação dos clubes denotou uma tentativa de mitigar estigmas e preconceitos associados à relação entre mulheres e o futebol, esporte majoritariamente associado a homens. As hashtags #futebolfeminino e #futebolnãotemgênero também foram mobilizadas de maneira ampla no âmbito desse debate;
- O discurso do deputado Nikolas Ferreira no qual ele questiona a legitimidade de mulheres trans teve ampla repercussão na rede, mobilizando os campos políticos de maneira equilibrada. No campo progressista, houve uma preponderância de mensagens de repúdio à fala de Nikolas e de endosso aos pedidos de cassação contra o político, especialmente em relação à iniciativa da também deputada federal Tabata Amaral. Os termos machismo, misoginia e transfobia foram frequentemente atribuídos à atitude do parlamentar, ao passo em que, no campo conservador, foram registradas mensagens de apoio à Nikolas e a circulação de hashtags violentas contra a população trans e travesti, ao exemplo de #travequismocultural e #empoderamentomasculino. Em contrapartida, a hashtag #marçodasmulherestrans buscou promover mais inclusão e visibilidade para esta população na data referida, enquanto o termo #transfobiaécrime foi mobilizado como contraponto direto à ação de Nikolas.
Trending Topics relacionados ao dia 8 de março no Twitter
Período: 08 de março de 2023
Fonte: Twitter | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV
- O termo “Mulheres” esteve em destaque na plataforma ao longo do dia, entrando nos trending topics às 7h20 e permanecendo em crescimento até as 22h20, mobilizando mais de 705 mil menções nesse pico. O termo foi associado a postagens que celebraram e fizeram comentários gerais sobre o dia 8 de março. Além desse termo, palavras e hashtags que fizeram menção ao Dia Internacional da Mulher também alcançaram a lista de temas mais mencionados da plataforma, especialmente durante a manhã e início da tarde;
- A partir das 20h20, o termo “Nikolas” começou a crescer em volume de menções de maneira significativa, como forma de reação ao discurso defendido pelo deputado Nikolas Ferreira (PL) em referência ao Dia Internacional da Mulher. A fala direcionada a mulheres trans foi alvo de críticas, de modo majoritário, e também acionou o termo “transfobia”, que ganhou mais fôlego ao longo da noite, conforme lideranças políticas e celebridades repudiaram o posicionamento do parlamentar.
Principais links sobre o dia 8 de março no Facebook
Período: 08 de março de 2023
Fonte: Facebook | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV
- Discussão sobre maternidade compulsória, ações articuladas por empresas e temas envolvendo atores políticos dominaram o compartilhamento de links sobre o Dia das Mulheres no Facebook. Entre os atores políticos em destaque, estiveram Nikolas Ferreira, Simone Tebet e Lula, além de Michelle Bolsonaro;
- O discurso do deputado Nikolas Ferreira na Câmara dos Deputados, classificado como transfóbico, foi tema de veículos como UOL e Jovem Pan News. Enquanto a Jovem Pan relatou o ocorrido de maneira descritiva, sem atribuir juízo de valor ao deputado, o UOL classificou a declaração de Nikolas como transfóbica. Em ambos os casos, foi dada ênfase ao pedido de cassação do político, solicitado pela parlamentar Tabata de Amaral. Mais opinativo do que os demais, o artigo de Milly Lacombe no UOL classificou o deputado como transfóbico e endossou o pedido de cassação de sua candidatura;
- Outros links também tiveram tônica política acentuada. A eleição de uma vice-diretora trans para a Faculdade de Direito do Recife foi destaque no G1, como ilustração da ampliação de possibilidades para a atuação de mulheres trans na sociedade. Já a declaração de Simone Tebet sobre Lula ser “um presidente masculino com alma feminina”, ao ser divulgada a partir do site O Antagonista, sugere uma provável circulação em redes de oposição ao presidente;
- Com menor alcance, protestos no Planalto que relembraram Marielle Franco e desdobramentos do caso das joias envolvendo Michelle Bolsonaro também foram assuntos com relevância no compartilhamento de links na rede social;
- Notícias sobre ações desenvolvidas por empresas para dar visibilidade à data também se destacaram. Exclusividade de mulheres na condução de operações do Detran, homenagem de garis a mulheres em ônibus em Belo Horizonte e comercial protagonizado por colaboradoras da loja Havan tiveram impacto relevante na rede, com teor supostamente positivo em relação à data;
- Detentor do link de maior alcance entre as notícias acima, o site Incrível.club levantou uma discussão sobre maternidade compulsória a partir do caso da jornalista Ana Paula Padrão, que optou por não ter filhos. O artigo critica a pressão dirigida às mulheres para terem filhos e constituírem uma família.
Telegram
Mensagens sobre o dia 8 de março no Telegram
Período: 08 de março de 2023
Fonte: Telegram | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV
- Até o início da tarde do dia 08, foram mapeadas tentativas conservadoras de disputar o significado do Dia Internacional da Mulher, com a circulação de mensagens que explicitam a suposta “verdade” sobre a data que, segundo este ponto de vista, teria sido criada apenas para “movimentações políticas de cunho marxista”, reverberando “a autossuficiência, a libertinagem sexual, o aborto e o ódio aos homens”;
- Mesmo procurando desqualificar a data e o seu sentido, também podem ser mapeadas tentativas de homenagear as “mulheres de bem”, que seriam aquelas associadas, de algum modo, aos parâmetros atribuídos ao bolsonarismo. Nesse escopo, Michelle Bolsonaro surge como um “tipo ideal” de mulher, sendo cogitada, inclusive, a sua candidatura à Presidência em 2026;
- Lateralmente, debates em torno da noção de “ideologia de gênero” também foram recuperados, acionando argumentos já bastante solidificados entre alguns campos políticos. Questiona-se, pois, uma série de agendas defendidas pela esquerda, sobretudo, em relação ao feminismo e à luta LGBTQIA+.
Mensagens sobre o discurso do deputado Nikolas Ferreira no Telegram
Período: 08 e 09 de março de 2023
Fonte: Telegram | Elaboração: Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV
- No entanto, após o discurso do deputado federal Nikolas Ferreira no Plenário da Câmara, o Telegram se tornou palco de uma série de mensagens e comentários acerca da transsexualidade;
- Nota-se, nesse escopo, um forte teor transfóbico em grande parte das mensagens, sendo estas publicadas e compartilhadas pelo próprio Nikolas, em seu canal oficial no Telegram. O deputado, de modo similar ao comportamento observado em seu discurso, questiona a legitimidade da identidade e do corpo trans, insinuando, por meio do deboche e da ironia, que mulheres trans não podem ser consideradas mulheres “de verdade”. Ao longo dos dias 8 e 9, Nikolas tenta ainda iniciar uma mobilização no Twitter, por meio da hashtag #SomosTodasNikole;
- Teor similar foi observado para além do canal de Nikolas, a partir da circulação de memes e charges que utilizam o humor para atacar mulheres trans. Dessa maneira, os argumentos acionam questões biológicas, contrapondo os termos “mulher” e “transsexual”, como se estes fossem opostos, antônimos e incongruentes. Expressões como “mulheres originais” também foram mapeadas, disputando os significados em torno do “ser mulher”;
- O episódio também motivou ataques à deputada federal Tábata Amaral, após a parlamentar pedir a cassação de Nikolas. De maneira similar às mensagens supracitadas, é utilizada a ironia para atacar Tábata, chamada de “Tablete Amarelo” em alguns grupos. Lateralmente, grupos mais à esquerda endossam o coro de vozes que pedem a responsabilização de Nikolas.