Entre conspirações e acusações, 8 de janeiro estruturou disputa digital entre esquerda e direita em 2023

Por: FGV ECMI

 

Por: FGV ECMI

 

  • Maior destaque do debate digital de 2023, o 8 de janeiro e seus desdobramentos tiveram proeminência no X até setembro, quando a pauta da segurança pública e a indicação de Dino ao STF dominaram a discussão política;
  • Parlamentares de oposição ao governo mobilizaram o episódio do 8 de janeiro ao longo de todo ano, com uma estratégia principal de associar Lula aos atos;

Os atos antidemocráticos de 8 de janeiro renderam frutos e desdobramentos para além da data em si, permeando o debate digital ao longo de 2023 e assumindo vários locais de destaque na discussão política mais ampla. É o que mostra estudo da FGV Comunicação Rio, que analisou a repercussão deste tema no X, no Facebook, no Instagram e no Telegram, pegando tanto um período mais amplo, de junho de 2022 a dezembro de 2023, quanto mais focado no ano de 2023 em si. 

A partir disso, notamos que mesmo atrás de eventos como as eleições de 2022, o 8 de janeiro foi o episódio de maior relevância no debate digital de 2023, se relacionando fortemente à tese de fraude eleitoral e motivando ataques ao STF, sobretudo a Alexandre de Moraes. Essa discussão foi permeada por bastante disputa entre os campos políticos: se no debate geral no X, perfis progressistas se destacaram, entre deputados e senadores no Facebook, a oposição ganhou proeminência.  Essa disputa se reflete em uma constante procura por “culpados”, com Lula e Bolsonaro sendo recorrentemente associados aos atos.  

 

Debate geral: o 8 de janeiro em um contexto mais amplo

Evolução do debate sobre política no X

Período: de 1º de junho de 2022 a 20 de dezembro de 2023

Fonte: X | Elaboração: FGV ECMI

 

  • Observando o debate político desde junho de 2022, o primeiro e o segundo turno das eleições foram os eventos de maior destaque, somando cerca de 15,7 milhões de menções apenas nos dias 2 e 30 de outubro de 2022; 
  • O 8 de janeiro aparece bem atrás de vários outros eventos, como o debate televisivo entre Lula e Bolsonaro na Band. A título de ilustração, nota-se que os atos antidemocráticos apresentaram um volume de posts cerca de 62% menor do que o observado ao final do segundo turno, em 30 de outubro; 
  • O volume inferior de menções pode ser explicado pela baixa participação e envolvimento de perfis conservadores. Se estas contas costumam apresentar altos índices de participação digital visando disputar diversos debates, no 8 de janeiro, a estratégia adotada por esta base foi em sentido contrário;
  • Ainda assim, há um forte senso de urgência atrelado ao debate do 8 de janeiro, que soma quase 4 milhões de menções no X e supera discussões de peso nacional e internacional, como aquela atrelada à posse de Lula. Somando mais de 166 mil menções, os termos “urgente” e “atenção” ilustram o modo como figuras políticas, veículos e perfis comuns incorporaram o episódio no X, classificando-o como um ataque real à democracia;
  • Até o momento de confecção deste estudo, os atos antidemocráticos em Brasília constituem, de longe, o maior destaque do debate político digital em 2023, apresentando um volume cerca de 161% maior do que o observado, por exemplo, em 30 de junho de 2023, quando Bolsonaro se tornou inelegível.

Principais termos no debate sobre política no X 

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Período: 1º de janeiro a 20 de dezembro de 2023

Fonte: X | Elaboração: FGV ECMI

 

  • Olhando estes dados de modo mais detalhado, a partir de nuvens trimestrais, notamos que o 8 de janeiro teve repercussão expressiva entre janeiro e setembro, sendo um dos principais motivos de disputas de narrativas entre governistas e oposicionistas. Apenas no último trimestre de 2023 foi percebido um recuo deste debate em detrimento da possibilidade de Flávio Dino integrar o STF, o que motivou um alto volume de ataques ao ministro;
  • Entre janeiro e março, a posse de Lula e o 8 de janeiro foram os temas que mais mobilizaram os campos políticos. Enquanto governistas classificaram o 8 de janeiro como “atos terroristas”, a oposição argumentou que Dino e Lula teriam sido omissos e Moraes autoritário. Nesse período, a ideia de “atos terroristas” foi dominante;
  • Entre abril e junho, parlamentares da oposição contra a CPI das Fake News protagonizaram o debate político. Nesse contexto, o 8 de janeiro foi evocado de maneira secundária, em decorrência de documento do ex-ministro Anderson Torres que provaria uma tentativa deliberada de golpe contra a democracia. Perfis governistas estiveram na dianteira deste debate;
  • Apesar de ter iniciado no final de maio, a CPMI do 8 de Janeiro teve maior destaque entre julho e setembro, tendo alavancado a discussão sobre o episódio. Na ala governista, a participação de Mauro Cid na CPI foi um tema recorrente, mas teve menos destaque do que as supostas evidências de que os ataques teriam tido anuência do governo

Principais links noticiosos no debate sobre política no Facebook

Período: 1º de janeiro a 20 de dezembro de 2023

Veja aqui os principais links noticiosos no debate sobre política no Facebook

  • Metade dos links de maior circulação no Facebook ao longo do ano de 2023 remeteu aos ataques do 8 de janeiro, sendo os três links de maior repercussão referentes a desdobramentos do episódio
  • Isso reforça a centralidade atribuída aos ataques no debate político mais amplo, o que ocorreu a partir de interesses diversos. Descobertas acerca dos responsáveis pelos ataques e embates entre os parlamentares, como o episódio de transfobia contra a deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) durante a CPI do 8 de Janeiro, tiveram destaque;
  • Os temas que fugiram ao debate sobre o 8 de janeiro se concentraram em críticas ao governo e foram capitaneados por veículos de mídia hiperpartidária de direita, como o Jornal da Cidade Online e Jovem Pan News. Protestos contra Lula e denúncias de corrupção nortearam essas notícias, o que indica uma atuação dominante deste segmento noticioso no Facebook.

Síntese dos resultados

  • No X, o 8 de janeiro não superou, em volume de posts, as eleições de 2022, mas em 2023, foi o tópico de maior relevância no debate político digital, com desdobramentos de destaque até setembro;
  • No Facebook, o tema motivou 50% dos links de maior circulação na rede dentro do debate político mais amplo, o que reitera a sua centralidade na discussão.

Atores de destaque no debate sobre o 8 de janeiro

Evolução dos principais atores do 8 de janeiro no X

Período: 1º de janeiro a 19 de dezembro de 2023

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Fonte: X | Elaboração: FGV ECMI

  • No X, as contas representadas no gráfico são aquelas que assumiram maior centralidade nas discussões sobre os atentados antidemocráticos no próprio dia 8 de janeiro, abarcando uma maioria de páginas e perfis progressistas, entre influenciadores, páginas de entretenimento e atores políticos; 
  • O comportamento digital das contas no restante do ano e sem segmentação temática aponta para a permanente relevância do 8 de janeiro ao longo do período. Principal tema de todas as contas na data, o dia se mantém com o posto de maior volume de posts. Individualmente, também ocupa posição de destaque em perfis como @AndreJanonesAdv, @DanVitorPH e @felipeneto;
  • A data reúne o maior engajamento diário de todo o período (8.453.288), superando em cerca de 32% o segundo marco em destaque: o dia 9 de janeiro (5.781.723). Juntas, a média de engajamento das duas datas (7.117.475) é cerca de 7x maior do que a média do restante do ano (976.300);
  • Os resultados reforçam o caráter central do evento em 2023, além de confirmarem a proeminência da base governista na abordagem desta pauta no X. Em geral, o tema é moderadamente retomado pelas contas ao longo do restante do ano, em posts que pressionam ou comemoram a punição dos responsáveis, dos participantes dos atos ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Atuação parlamentar no debate do 8 de janeiro no Facebook

Período: 1º de janeiro a 19 de dezembro de 2023

Fonte: Facebook | Elaboração: FGV ECMI

  • A oposição teve larga vantagem no debate parlamentar sobre o 8 de janeiro no Facebook ao longo de 2023: registrou 432% e 397% a mais de engajamento médio do que parlamentares governistas e centristas, respectivamente. Em número de posts, a oposição também registrou vantagem: foram 1.628 posts frente a 1.160 do governo e 998 do centro;

     
  • No mês de janeiro, o cenário do debate tendia ao equilíbrio entre os campos. Na ala governista, Rogério Carvalho (PT-SE), Fernanda Melchionna (PSOL-RS), Humberto Costa (PT-PE) e Gleisi Hoffmann (PT-RS) figuravam entre os parlamentares de maior destaque, cobrando a apuração do caso e a punição dos envolvidos. Já os oposicionistas Bia Kicis (PL-DF),  Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Eduardo Girão (NOVO-CE), à época, já atribuíam os ataques à suposta conivência do governo;

     
  • Quando consideramos o período entre janeiro e dezembro, o cenário se altera de maneira expressiva. 9 dos 10 parlamentares com maior engajamento fazem parte da oposição, à exceção de Marcos Rogério (União-RO), do centro. Em ordem decrescente, Carla Zambelli (PL-SP), Marcel van Hattem (NOVO-RS), Filipe Barros (PL-PR), Bibo Nunes (PL-RS), Bia Kicis (PL-DF), Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Gustavo Gayer (PL-GO), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Eduardo Girão (Novo-CE) foram os parlamentares com maior engajamento neste debate;

     
  • A oposição consolidou seu protagonismo no debate de maneira gradual. Seu destaque foi impulsionado, sobretudo, pelos desdobramentos da CPMI, na medida em que os parlamentares passavam a controlar a narrativa dos ataques ao alegarem, por exemplo, possuir provas da suposta atuação do governo para prejudicar a base eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Heranças do 8 de janeiro: dos ataques ao STF à fraude eleitoral

Menções aos ministros do STF no X

Período: 1º de janeiro a 20 de dezembro de 2023

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Fonte: X | Elaboração: FGV ECMI

  • As menções aos ministros do STF no X não apresentaram um crescimento significativo de 2022 para 2023. Nesse escopo, as eleições de 2022 constituem o episódio de maior relevo e o 8 de janeiro não implicou mudanças no volume destas menções; 
  • Especificamente em 2023, os ministros que passaram pelo STF foram mencionados em cerca de 15 milhões de posts. Os atentados do 8 de janeiro e os desdobramentos relacionados ao episódio são temas recorrentes ao longo de todo o ano, motivando críticas e ataques
  • Após os atos, Alexandre de Moraes e os demais ministros foram frequentemente atacados, sobretudo por defensores do 8 de janeiro, em posts que caracterizam a atuação do STF como “autoritária” e “parcial”
  • Essa associação entre o 8 de janeiro e o STF é particularmente presente no caso de Moraes. No dia dos atos, foram registradas cerca de 290 mil menções ao ministro, recorde diário de posts sobre ele em 2023. O segundo maior pico das menções a Moraes também é associado ao episódio. Em 21 de novembro, a repercussão da morte de um dos presos é marcada pelo protagonismo de usuários favoráveis aos atos, que atacam o magistrado;
  • Os ataques ao STF se desdobram nas menções a outros ministros, como Gilmar Mendes, comumente classificado como “golpista” por perfis conservadores, ou ainda nos posts que pedem o impeachment de Barroso. Estes ataques ilustram que o discurso de ódio direcionado ao STF em 2023 nem sempre teve correlação com o 8 de janeiro, constituindo um contexto mais amplo de crise epistêmica e desconfiança em relação às instituições.

Menções à fraude eleitoral no Facebook e no Instagram

Período: 1º de janeiro a 20 de dezembro de 2023

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Fonte: Facebook e Instagram | Elaboração: FGV ECMI

 

  • No Facebook e no Instagram, as menções à fraude eleitoral permaneceram em alta durante as eleições de 2022, mas a partir de dezembro este debate perdeu força, permanecendo em baixa em 2023. No entanto, mesmo em baixa, nota-se uma forte relação entre essa discussão e o 8 de janeiro;
  • Especificamente no Facebook, ainda que não tenha constituído um pico, esta discussão apresentou uma oscilação positiva na semana dos atos em Brasília, com um crescimento de cerca de 382% no volume de interações em posts sobre fraude, entre os dias 10 e 11 de janeiro. Contudo, ao longo de 2023, esta discussão permaneceu morna no Facebook, apresentando picos expressivos apenas a partir de junho, em momentos relacionados, por exemplo, ao depoimento de Walter Delgatti Neto na CPMI do 8 de Janeiro sobre uma suposta tentativa de fraude às urnas eletrônicas; 
  • No Instagram, há uma dinâmica ainda mais atrelada aos atos em Brasília, com janeiro representando um dos meses com maior volume de interações no debate sobre fraude em 2023. Essa discussão conta com posts que responsabilizam a extrema-direita por alimentar a tese de fraude para invalidar a vitória de Lula. Destaca-se, pois, uma perspectiva crítica à noção de que as eleições teriam sido fraudadas
  • Ao longo de 2023, o entrelaçamento entre a tese de fraude e o 8 de janeiro ganha ainda um terceiro elemento: ataques ao STF. Em agosto, por exemplo, Moraes adquire centralidade no debate, com posts que indicam que o magistrado estaria perseguindo Bolsonaro, após solicitar que plataformas de redes sociais fornecessem informações sobre seguidores do ex-presidente que teriam compartilhado conteúdo sobre a tese de fraude.

Menções à fraude eleitoral e ao STF no Telegram

Período: 1º de janeiro a 20 de dezembro de 2023

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Fonte: Telegram | Elaboração: FGV ECMI

  • No Telegram, o maior pico de mensagens sobre o STF ocorreu no dia 8 de janeiro, com mensagens que veiculam imagens da invasão da corte e noticiam as decisões tomadas por Moraes. Várias mensagens afirmam que os atentados seriam, em realidade, uma “reapropriação do povo”;
  • As mensagens sobre fraude eleitoral também apresentaram alta no início do ano. No dia 3 de janeiro, as menções à alegada “fraude eleitoral” em 2022 são utilizadas para mobilizar os apoiadores de Jair Bolsonaro a tomarem o governo e a fazerem uma “faxina geral” nos Três Poderes em decorrência da “carnificina da caneta de Alexandre de Moraes”;
  • Após assumir uma tendência de queda nos meses posteriores, as acusações voltaram a ganhar força. Isso ocorreu em 28 de junho, com as supostas declarações de Carlos Lupi sobre a vulnerabilidade do voto eletrônico, e em 12 de julho, na esteira de alegadas falas de Renato Janine a respeito de fraude em 2018. Após nova tendência de queda nos meses seguintes, o debate recuperou força em outubro, a partir de associações a supostas fraudes eleitorais na Argentina contra Javier Milei;
  • A associação entre os diferentes temas supracitados mostra que, na plataforma, a atuação da base bolsonarista em favor da “reação popular” à “fraude eleitoral” foi forte já em janeiro. Mensagens do tipo estavam em circulação antes do dia 8 e continuaram em pauta por meio de retrospectivas positivas do 8 de janeiro, contínuas menções à situação política brasileira atual como sendo fruto de uma fraude eleitoral e pela mobilização desses eventos para fundamentar novos ataques ao STF e a Alexandre de Moraes.

CPMI do 8 de janeiro em foco

Associações com Lula e Jair Bolsonaro no X

Período: 1º de janeiro a 20 de dezembro de 2023

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Fonte: X | Elaboração: FGV ECMI

  • Ao mapearmos as associações entre a CPMI do 8 de janeiro e Lula e Bolsonaro, nota-se que, no primeiro semestre de 2023, o presidente Lula é muito mais associado à CPMI, mas, a partir de julho, Bolsonaro assume a liderança destas menções. Essa dinâmica pode ser justificada ao observarmos que o teor destas associações é, majoritariamente, de responsabilização e procura por “culpados”. Nota-se que se a oposição dominava o debate sobre a CPMI no início de 2023, responsabilizando Lula, a base progressista consegue se recuperar a partir de julho, culpabilizando Bolsonaro;
  • As primeiras menções à Comissão vêm de perfis conservadores, que indicam que Lula não teria interesse em uma investigação sobre os atos. Essa narrativa ganha força em fevereiro e em março, indicando que Lula e seus aliados estariam desesperados; 
  • Mais equilibrado entre os meses de abril, maio e junho, o debate associado a Lula e a Bolsonaro aglutina perspectivas opostas. A proliferação de termos como “atos golpistas”, por um lado, e “presos injustamente”, por outro, explicita essa disputa. Entre maio e junho, ambas as associações crescem em volume, indicando o esforço dos campos políticos em responsabilizar oponentes pelo 8 de janeiro;
  • O depoimento de Mauro Cid à CPMI, em julho, inverteu o teor do debate, fortalecendo a narrativa de responsabilização de Bolsonaro pelos atos, crescendo ainda mais em agosto, quando as associações entre o ex-presidente e a Comissão aumentaram cerca de 262%, motivadas pelos depoimentos do hacker Delgatti e de Anderson Torres;
  • A partir de setembro, há uma tendência de queda nas associações aqui mapeadas, prevalecendo ainda a perspectiva que indica algum envolvimento de Bolsonaro nos atos. No entanto, com o fim da CPMI, em outubro, perfis conservadores assumem as rédeas das menções a Bolsonaro, criticando o relatório de Eliziane Gama e a sua vontade de indiciar o ex-presidente.

Atuação parlamentar no debate da CPMI do 8 de janeiro no Facebook

Período: 1º de janeiro a 19 de dezembro de 2023

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Fonte: Facebook | Elaboração: FGV ECMI

  • Assim como ocorreu no debate mais amplo sobre os ataques em Brasília, na discussão parlamentar, a oposição registrou vantagem expressiva nas menções à CPMI do 8 de janeiro. Em termos de engajamento médio, superou em 421% os parlamentares governistas e em 350% os de centro. Novamente, 9 dos 10 nomes de maior destaque são da oposição. A única exceção é Marcos Rogério (União-RO), do centro, mas que, no entanto, se alinha à oposição ao culpabilizar o governo pelos ataques aos Três Poderes;
  • Carla Zambelli (PL-SP), Bibo Nunes (PL-RS), Marcel van Hattem (NOVO-RS) e Filipe Barros (PL-PR) são os parlamentares com maior engajamento, em ordem decrescente. A divulgação de gravações internas que mostram o ex-ministro do GSI, Gonçalves Dias, interagindo com manifestantes é evocado como a principal prova de que os ataques teriam contado com a anuência e a conivência do governo.