Com ausência do ministro Lewandowski em redes sociais, debate sobre segurança pública ainda é permeado pela influência de Flávio Dino

Por: FGV ECMI

Por: FGV ECMI

  • Dino transcende pautas de segurança pública e se destaca nas redes no debate sobre política institucional;
  • Críticas ao atual ministro do STF acumuladas ao longo do primeiro ano do governo Lula são mobilizadas no debate sobre a fuga do presídio de Mossoró;
  • Longe das redes e com atuação mais discreta, Lewandowski é o 9º ministro mais mencionado desde o dia que assumiu a pasta da Justiça e Segurança Pública, mesmo vivendo uma crise há duas semanas;
  • O debate sobre a fuga em Mossoró apresenta tom majoritariamente negativo, com a presença de termos que indicam a responsabilização e cobranças sobre em relação ao episódio, bem como antigas associações entre o governo e facções criminosas.

Quais as consequências da diferença de estratégia de comunicação e exposição dos ministros da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino e Ricardo Lewandowski, nas redes sociais? O estudo realizado pela FGV ECMI busca compreender as características das formas distintas de mobilização comunicativa entre o atual e o antigo ministro, a partir das associações e menções a cada um no X.

Na primeira parte, apresenta-se um quadro geral que mostra como Dino se destacou durante o primeiro ano do governo Lula e como, mesmo em uma situação de crise, a moderação de Lewandowski enseja menor visibilidade. Nuvens de termos mostram o tom predominante do debate sob a gestão de cada um.

Em seguida, investigam-se as associações de menções a Dino e Lewandowski em três níveis distintos do debate público: 1) Política Institucional; 2) Segurança Pública; e 3) a fuga de detentos do presídio de Mossoró. Uma nuvem de termos sobre o caso Mossoró indica tom altamente negativo das menções sobre o episódio, o que pode ser explicado tanto pela baixa atuação digital de Lewandowski, quanto pela exposição acentuada de Dino – que é frequentemente associado a conspirações.

Dino foi o ministro mais mencionado nas redes durante o primeiro ano do governo Lula

                                     Menções aos ministros de Lula

Em 2023                                                                             Em fevereiro de 2024

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Fonte: X | Elaboração: FGV ECMI

Flávio Dino foi, com folga, o ministro mais mencionado durante o primeiro ano do governo Lula. No comando da pasta da Justiça e Segurança Pública, ganhou notoriedade pela irreverência e forma como respondia a ataques e críticas de opositores, gerando conteúdos facilmente viralizáveis no ambiente digital.

Desde fevereiro, quando Lewandowski assumiu a pasta, os primeiros lugares foram ocupados pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, que enfrenta uma crise de dengue no país, e Geraldo Alckmin, que entrou em evidência a partir de cobranças para posicionamento contrário à fala de Lula sobre Israel. o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, ocupa a 9ª posição entre os ministros mais mencionados mesmo em um momento de crise na pasta, com a fuga de detentos do presídio de Mossoró.

Nuvem de termos do debate sobre Segurança Pública 

Período: de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2023

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Fonte: X | Elaboração: FGV ECMI 

Nuvem de termos do debate sobre Segurança Pública

Período: de 1º a 28 de fevereiro de 2024

 

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Fonte: X | Elaboração: FGV ECMI 



Não se notam diferenças significativas no tom dos principais termos no debate sobre segurança, com a presença constante, tanto na gestão Dino, quanto na gestão Lewandowski, de termos associados a teorias da conspiração sobre o governo e facções criminosas. Além disso, nota-se a manutenção da presença de Flávio Dino como uma das figuras mais centrais para o debate sobre segurança, mesmo após sua saída do Ministério.

Mesmo fora do ministério, Dino ainda é fortemente associado ao debate sobre segurança pública

Menções a Flávio Dino e Ricardo Lewandowski no debate sobre política institucional

Período: de 1º de novembro a 28 de fevereiro (em semanas)

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Fonte: X | Elaboração: FGV ECMI 

 

Menções a Flávio Dino e Ricardo Lewandowski no debate sobre segurança pública

Período: de 1º de novembro a 28 de fevereiro (em semanas)

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Fonte: X | Elaboração: FGV ECMI 

Mais especificamente em relação ao debate sobre segurança pública, no entanto, já é possível notar uma maior aproximação, especialmente a partir do momento em que Lewandowski foi escolhido para o ministério. A presença de Dino nos debates sobre a pauta, no entanto, se mantém.

Essa diferença entre o volume de menções a Dino e Lewandowski nos debates sobre Política Institucional e Segurança Pública sugerem que Dino alcançou uma projeção que ia além dos temas específicos da sua pasta. 

Menções a Flávio Dino e Ricardo Lewandowski no debate sobre a fuga do presídio de Mossoró

Período: de 14 a 28 de fevereiro,

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Fonte: X | Elaboração: FGV ECMI 

Finalmente, quando observada especificamente a associação entre Dino e Lewandowski à fuga de detentos do presídio de segurança máxima em Mossoró, nota-se que o atual mandatário da pasta de Justiça e Segurança Pública se torna o centro do debate. Apesar de Dino ser mencionado, a primeira semana após o ocorrido teve Lewandowski como principal foco.

É interessante observar, no entanto, que o acúmulo de críticas contra Dino durante seu período como ministro ainda é mobilizado, como pode ser observado no pico ocorrido no dia 22 de fevereiro, que foi motivado pela circulação de um post que elenca ações de Dino e sugere que ele poderia estar por trás da fuga dos criminosos de Mossoró.

Nuvem de termos do debate sobre a fuga do presídio de Mossoró

Período: de 14 a 28 de fevereiro

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Fonte: X | Elaboração: FGV ECMI 

Por fim, a nuvem de termos do debate sobre a fuga do presídio de Mossoró mostra como o assunto vem sendo discutido de maneira negativa, com forte presença tanto de termos que indicam a responsabilização e cobrança em relação ao caso como “Ministro da Justiça”, “Ministro Flávio Dino” e “presidente Lula”, mas também de elementos que mobilizaram as principais teorias da conspiração que associavam o governo à facções criminosos, como “dama do tráfico” e “Comando Vermelho