Oitavo ciclo do conselho debate a violência política durante o período eleitoral
Com a proximidade das eleições, os convidados falaram sobre como combater essa problemática
O 8º ciclo do conselho Mídia e Democracia teve como tema “Violência política em contexto eleitoral” e ocorreu entre setembro e outubro de 2024, durante o pleito municipal no país, com o objetivo de abordar a violência política nesse período, dirigida a candidatos, mas também contemplando outras categorias relacionadas, como ativistas, jornalistas e militantes. Os convidados foram Andrei Rodrigues, diretor-geral da Policia Federal; Marcela Duarte, gerente de produto da Lupa; Cris Tardáguila, Fundadora da Lupa e editora da newslatter Ebulição; e Leonel Radde, policial, que se destaca no trabalho de combate a grupos neonazistas.
A oficina ministrada por Cris, Marcela e Leonel, com o título “Como a violência se manifesta no ambiente digital e as estratégias para combatê-la”, foi focada nos dados coletados para a newsletter Ebulição, em que são monitoradas mensagens de mais de 80 mil grupos públicos no WhatsApp e no Telegram. Para exemplificar, Cris destaca quatro casos nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro: O do PCC em São Paulo, o Caso Tabata e Marina Helena, também em São Paulo, o “Lulismo vs. Bolsonarismo”, no Rio, e a “cadeirada” de Datena em Marçal, no debate eleitoral para a capital paulista. Este último foi o caso mais notório, o sentimento veiculado nos grupos, de acordo com a análise, foi que nada de bom foi gerado a partir da situação, trazendo repulsa à política, com distanciamento e alienação.
O deputado Leonel falou sobre a necessidade de fazer a distinção entre pontos de vista, insultos e fake news. Além de caracterizar a visão da extrema direita, segundo ele, é o poder pela força, o poder a qualquer custo e com violência, independente das instituições, e de um ódio à ciência e à academia. Ele também descreveu a atuação do seu gabinete no monitoramento de grupos nazistas e de jovens que fariam atentados a escolas planejados nas redes sociais.
Por fim, na reunião plenária com Andrei, foram abordados vários episódios em que o processo democrático foi contestado. Além de falar sobre o trabalho da PF no período eleitoral, através do desenvolvimento de um projeto para prevenir violências em 2024, dando relevância ao papel das mídias sociais e de todos os atores envolvidos, respeitando os alertas que a tentativa de golpe do 8 de janeiro trouxe relacionado a essa problemática. O diretor trouxe alguns números para exemplificar essas ações nas eleições: foram 200 termos circunstanciados, 100 inquéritos, mais de 400 pessoas conduzidas a delegacias e a apreensão de mais de R$ 21 milhões de reais em dinheiro em espécie e mais de R$ 50 milhões somados em bens e patrimônio. Só no 1º dia da eleição em 1º turno foram apreendidos mais de R$600 mil reais, no Brasil inteiro.