Efeito das mudanças climáticas e sua relação com a desinformação são tema de debate no Conselho

Victor Terra, analista da Lupa, Vilso Santi, professor e coordenador do Amazoon, e a jornalista Thais Lazzeri foram os participantes do encontro

O 9° ciclo de reuniões do conselho Mídia e Democracia teve como tema “Desinformação e mudanças climáticas”, e contou com a oficina “Mudanças climáticas e Desinformação: contexto e estratégias” e da reunião plenária “Desinformação vai criando novos medos.” Os convidados desses encontros foram o analista da Lupa, Victor Terra, e o conselheiro Vilso Santi, professor e coordenador do Amazon — Observatório Cultural da Amazônia e do Caribe, além da jornalista Thais Lazzeri, integrante da Coalizão Mundial de Combate à Desinformação Climática.

De acordo com o Centro Nacional de Desastres Naturais, o ano de 2023 foi recorde de ocorrências de desastres hidrológicos e geo hídricos no Brasil, com 1.161 eventos. Victor começou sua fala na reunião plenária falando sobre o aumento de eventos climáticos extremos. Segundo ele, mesmo com essas evidências, ainda há um negacionismo vindo da população.

No YouTube, 70% dos conteúdos sobre a negação climática publicados em 2023 utilizaram a distorção de fatos para questionar a ciência, disseminando dúvidas e incertezas sobre o aquecimento global. Victor exemplificou as ações da Lupa para combater essas problemáticas, com o uso da educação midiática, utilizando de técnicas como o “debunking”, uma espécie de antibiótico informativo para efeito imediato e contenção de curto prazo. Já no campo educativo, há o uso do “pré-debunking”, que tem um efeito a longo prazo. Ou seja, promover a leitura crítica sobre a ciência e seu funcionamento.

O professor Vilso Santi propôs refletir sobre o estado de emergência informativa, climática e ambiental durante a oficina, a partir da sua visão sobre o território amazônico. Ele apresentou a linha do tempo do Observatório Cultura da Amazônia, criado em 2013 através da metáfora da árvore. A Copa da Árvore seria a superfície da desinformação, as práticas de checagem de fatos atuam na superfície da desinformação, assim como a copa de uma árvore representa a parte visível. Ao lidar apenas com as folhas e os galhos, que seriam as fake news e boatos, toca-se a superfície do problema, sugere o professor. Para entender e combater isso, é necessário ir até a raiz, que seria a origem dessa desinformação, sua causa sistemática.

Por fim, na reunião plenária com Thais Lazzeri, a jornalista e ativista relatou sua experiência na COP 29, em Baku, no Azerbaijão, e foi uma das articuladoras de uma carta produzida por 51 organizações internacionais e 42 especialistas em clima, para fazer um chamado urgente de enfrentamento à desinformação climática e chamar atenção dos governos e das plataformas, com o objetivo de adotar uma definição universal, clara e consistente, responsabilizar as empresas de mídia social, provedores de tecnologia de publicidade e editoras. Além disso, pressionar esses atores para implementação de medidas concretas, como aumentar a transparência, impedir a monetização da desinformação e abordar o impacto de tecnologias emergentes, como a IA.